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domingo, 27 de outubro de 2013

Maçã [Parte 1]

  Diretamente do céu

  Bom, não é como as pessoas pensam que é. Aqui é o céu, mas não quer dizer que seja o paraíso, não quer dizer que seus parentes ou conhecidos que morrem vem pra cá e te observam. Quer dizer o que? Pois bem, pode-se dizer que sim, observamos pessoas na Terra, mas não quer dizer que somos parentes. Quem somos? Quem sou? O que diabos faço aqui? Como vim parar aqui nesse "lugar" chamado céu?
  A descrição do céu é apenas um branco, como as nuvens mesmo, mas não é o céu literal. É um branco, cinza, amarelo, vermelho, cor do seu sentimento. Tudo depende do Ser. Mas quem é o Ser? Primeiro, preciso esclarecer quem sou eu, o que não fiz ainda. Bela tolice. Sou um anjo. Sou seu anjo. "Nasci" (na verdade, não sei ao certo) para cuidar do meu Ser. Ser é o protegido do anjo. Ser é a vida do anjo. Ou seja, tudo que acontece com o Ser, tudo que ele faz, pode ser direcionado pelo anjo ou reflete nele.
  Quem sou eu? Anjo apenas é uma resposta vaga. Aquele (ou aquela, tanto faz) que cuida do seu Ser, mas por que? Porque precisam de nós e nós precisamos deles. A vida aqui no céu, como já dito, não é o paraíso. Nossos pés estão todos acorrentados. Somos desprovidos de asas até que tenhamos que descer ao encontro do Ser. Porém as asas são apenas para descida, depois elas somem. Vestimentas pra que? No céu vivemos nus, aguentando o pavoroso frio que nos cerca. O que tem de bom em ficar olhando seu protegido, sentindo suas mágoas e coisas do tipo? A questão é que, de certo modo, de tanto observar, é inevitável que nos apaixonemos. É natural, é bonito, é divertido. Certas vezes é doloroso, mas a hora de descer, ela é algo que todos os anjos desejam.

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